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RELEASE Por Alexandre Liblik
Já vão 7 anos desde o primeiro EP da singular This Lonely Crowd (TLC). A banda, cujo nome remete a um clássico estudo sociológico escrito por David Riesman na década de 50, desde sempre utilizou as referências literárias como fonte — inesgotável — dos seus experimentos. Entre as referências fabulísticas ou literárias do mundo infantil, o grupo iniciava suas atividades com atmosferas dos anos 90, em desfechos que lembravam o melhor do Smashing Pumpkins com os EPs An Endless Moment Everyday All The Time e EPhemeris + Entangled Chaos, ambos de 2010. Em 2011, Some Kind of Pareidolia leva o TLC ao melhor desta primeira fase. Foi quando os conheci num show inesquecível em Curitiba. Barulho pra cacete e uma energia que beirava a raiva. Doppeldanger and Other Delicious Secrets (2012) fecha esse período inicial, mais shoegaze e porrada que nunca. Com Pervade (2012) as experimentações e as colaborações, notadamente com Cadu Tenório, o TLC alcançava a maturidade. O noise da guitarra flutuava entre o seu protagonismo já consagrado e a paciente construção de camadas de instrumentos, que variavam das sutilezas nas paisagens feéricas até as sombras mais assustadoras e ruidosas já atingidas pelo grupo. Möbius And The Healing Process (2014), trabalho mais sofisticado do grupo atravessa o inferno astral da banda — o sofrimento é sempre motor das melhores inspirações. É notório que Lygia Clark utilizou a fita de Moebius em seu trabalho Caminhando (1964), na qual convidava os visitantes a construir e manipular a obra, realizada com papel, cola e tesoura. Ao cortar a fita, há a exigência da escolha de um lado, ao final da volta. “Esta noção de escolha é decisiva, o único sentido dessa experiência reside no ato de fazê-la. A obra é o seu ato” (Ricardo Fabbrini). Aqui, as questões existenciais do TLC, mais do que nunca, transparecem na sua música. A vida é o seu ato, o seu devir. Em Meraki (2015), mais uma vez os integrantes do TLC mudam as suas identidades — a mudança é um frequente sinal de inconformismo, algo extremamente salutar para os artistas. Os vocais somem, mas a relação profunda com a literatura, cada vez mais sofisticada, vai favorecendo a criação de subjetividades únicas a partir de vários petardos, nos quais encontramos até mesmo um certo humor, como em “Sophrosyne”, cujos riffs quase dementes contradizem sarcasticamente a sobriedade evocada pelo título da música.
2017 — Em seu novo disco homônimo (This Lonely Crowd), o TLC se move novamente. Ao abrir o disco com “Florbela Ex-punk”, uma das melhores canções já escritas pela banda, o TLC aponta para novos caminhos (Por que não usar o português? Como trabalhar com a maldita última flor do Lácio?). A recriação, quase uma homenagem aos versos da poeta protofeminista portuguesa, nos traz a bela surpresa — eis que voltam as vozes e as canções! A literatura aqui não é mais apenas citação, mas sim elemento fundamental que conecta as faixas. Há o bom e velho TLC em “Cliodhna’s Wave” e “Vancian Noise”. Mais à frente, em “Go Where People Sleep and See If They Are Safe” que em seu começo poderia passar por uma colaboração perdida entre Trent Reznor e Billy Corgan, temos um pouco das texturas abordadas em Pervade, porto seguro ao qual o TLC sempre poderá beber e se reabastecer. “Mytilda”, também recitada em português, sugere que o caminho autoral é esse, em que pese as dificuldades envolvidas neste processo. Neste sentido, This Lonely Crowd é um disco de transição. As assimetrias e os saltos surpreendem, ainda mais para um grupo que sempre primou pela coesão estrutural dos seus trabalhos. Mas já que a literatura é o motor destes caras inquietos, deixo aqui uma citação de Guimarães Rosa, que ilustra bem a importância deste salto no vazio do TLC — “Viver é muito perigoso… Porque aprender a viver é que é o viver mesmo… Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e abaixa… O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto, dificultoso mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até o rabo da palavra”. Depois de 7 anos de banda, felizmente o This Lonely Crowd ainda tem muito a dizer.
FICHA TÉCNICA Recorded January – October 2016 at GUERRILLA DREAMIN’ STUDIO and NICO’S STUDIO, thru the looking glass of Curitiba – Brazil. Produced by Trushbeard the King. All songs composed and performed by This Lonely Crowd. Lyrics: All copyrights, if there are any, were infringed in the name of our love for these adorable writers. In memory of Daniel Orta. Dedicated to our children, the next This Lonely Crowd: Special Thanks: SUPPORT FERAL NOISE AND ELDRITCH ROCK! |
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THIS LONELY CROWD BIOGRAFIA Enraizada na iniciativa faça você mesmo, a This Lonely Crowd acredita em música autoral, gratuita e sincera e conta com o apoio da comunidade musical, amigos, fãs, blogueiros e jornalistas para difundir sua música. LINKS DISCOGRAFIA |
