DUELECTRUM – ELECTROLÂNDIA DELUXE//REMASTERED (2019)
November 29, 2019

DUELECTRUM – ELECTROLÂNDIA DELUXE//REMASTERED (2019)

DUELECTRUM

ELECTROLÂNDIA DELUXE//REMASTERED
Tags: Shoegaze
sw0229 – 2019 – Sinewave

FAIXAS

01. Puzzle
02. Maverick
03. Galaxy of Sound
04. Cabeça nas Nuvens
05. Duelectrum
06. Pazperfeita
07. Ultrasensor
08. Tempestadestelar
09. Duelectrumfranklinweiseremix
10. Novamente
11. Precious Lord (Thomas A. Dorsey) (download)
12. Stargazing
13. Baby I Love You (The Ronettes)
14. Lazy Day (Boo Radleys)
15. Chapado pra Fazer Pose (Jesus Saves)

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RELEASE

“Adorei! Parece o Jesus and Mary Chain, só que piorado”. Ouvi a frase de uma menina após um dos primeiros shows que a gente fez, em São Paulo, lá no começo da década de 2000. Faz sentido. Levando em conta que a banda escocesa é talvez a principal razão da existência do Duelectrum (sobretudo por causa de Psychocandy e Honey’s Dead), e que entendo a frase de Jim Reid sobre o irmão, William — “ele sabe como usar uma guitarra da maneira errada” — como a síntese perfeita do que é rock’n’roll, tomei a comparação e a ressalva como um elogio.

Electrolândia era pra ser um álbum com nove ou dez faixas, não um EP. As músicas que estão nele (e as que foram deixadas de lado) foram feitas entre 1999, quando a banda surgiu, e 2004. Em 2005 a banda parou a maior parte do ano. Foi quando a gente voltou a escutar o que estava gravado e não tinha sido lançado.

Daquela relação de músicas, na minha cabeça só nove delas estavam prontas, ou quase. Dessas, quatro valiam a pena. Por isso a opção por enxugar o Electrolândia e transformá-lo num EP. O que foi um erro, como aliás quase todas as decisões que a gente tomou pra banda nesses 20 anos.

O EP saiu no fim do primeiro semestre de 2008, inicialmente pela Pisces Records, que sinalizou até com uma prensagem em CD-R, de tiragem limitada, o que nunca aconteceu (de novo por culpa nossa). Meses depois, entre setembro e outubro, saiu também pela Sinewave, nossa casa até agora.

Agora que a banda comemora 20 anos, Electrolândia ganha nova versão, como deveria ter saído originalmente: acrescido das músicas de Tempestadestelar, lançado em 2009 (fazendo dez anos!). Agora remasterizado por Nathan Bomilcar, da Hoping to Collide With, que também tocou bateria no Duelectrum. E que tem mãos e ouvidos de ouro pra extrair um pouco de música de um emaranhado de barulho e melodia mal gravados. O lançamento inclui também faixas ainda não lançadas, sobras e outras três publicadas em coletâneas.

Em uma resenha de um show no obrigatório Cerveja Azul, bar da zona leste de São Paulo, entre 2008 e 2009, Renato Malizia, dono do The Blog That Celebrates Itself, blog e selo, nos classificou como “o Flying Saucer Attack brasileiro”. Maior elogio que a gente recebeu nesses 20 anos de banda, embora um exagero gigante.

“História de sucesso é sempre chata. Fracassos são muito mais legais”,  sintetizou o jornalista André Barcinski em uma conversa pela internet. Tudo a ver com o que a banda viveu nesses 20 anos, e que de qualquer modo valeram a pena.

Filipe Albuquerque
novembro de 2019

FAIXAS

“Puzzle”
Dedilhado improvisado do Franklin — duas notas que se repetem em looping — com muito reverb, e uma linha de guitarra simples pra marcar uma melodia. Gravada entre 2000 e 2001.

“Maverick”
Melhor música da banda, prejudicada pela qualidade da gravação (o que aconteceu com outras). Tocada sem metrônomo, a bateria desacelera e volta ao ritmo normal, e um redemoinho de guitarras perde força ainda nos primeiros segundos da introdução. Surgiu em 2000, com base em dois acordes improvisados no teclado, repetidos na guitarra e com melodia vocal tomada emprestada de uma faixa do Pygmalion (1995), do Slowdive. A letra, escrita em 15 minutos, é inspirada no versículo 1 do livro de Hebreus, capítulo 11 (“A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê”). O último verso — “e a noite passa veloz” — foi adaptado/roubado de “Vambora”, da Adriana Calcanhoto.

“Galaxy of Sound”
Tentativa frustrada de pós-rock. Espécie de tributo a “Humb”, faixa do disco Mercury (1995), da banda americana The Prayer Chain. É um desdobramento de “Puzzle”. A bateria original foi regravada por Josué Camargo com uma bateria eletrônica em dois takes. Josue não ficou muito tempo na banda e não chegou a fazer nenhuma apresentação ao vivo.

“Cabeça nas Nuvens”
Parece um plágio de “When You Sleep”, do My Bloody Valentine, mas a verdadeira inspiração foi “Hazel Would”, de Silver, disco de estreia do Starflyer 59 (1994). O solo de baixo remete a um fraseado da música do SF59. A primeira versão tinha também um vocalize entre a primeira e a segunda parte, que foi retirado para entrar no compacto. Foram cinco ou seis regravações até chegar na versão do EP, que conta com umas cinco camadas de guitarra. O título saiu de “Headz in da Cloudz”, de A Prayer for Every Hour, disco da Danielson Famile (1995). A letra foi escrita rapidamente a partir do título, e é inspirada no Salmo 121.

“Duelectrum”
A base, guitarra, baixo e bateria, foi gravada entre 1999 e 2000. Uma segunda guitarra foi gravada alguns anos depois. Quase uma sobra de estúdio, que nunca recebeu acabamento definitivo, e entrou em Tempestadestelar.

“Pazperfeita”
Composta numa mesma leva de onde saíram “Maverick”, “Cabeça nas Nuvens” e “Galaxy of Sound”, com objetivo de preencher a ideia inicial de um álbum. O resultado final não agradou, por isso ficou fora do Electrolândia mas entrou no Tempestadestelar. Teve ainda uma versão anterior, com outra letra, nunca lançada. Na segunda parte da música, a bateria entra com alguns milésimos de segundos de atraso.

“Ultrasensor”
Também como “Pazperfeita”, foi composta às pressas para preencher um álbum, e se baseia na repetição de dois acordes. Deu trabalho na mixagem, sobretudo a bateria. Teria sido descartada não fosse uma mágica feita pelo Franklin para preencher todos os espaços possíveis com guitarras e sintetizador (o que ficou mais evidente na remasterização) e pela proposta da Sinewave de um EP pra 2009.

“Tempestadestelar”
Improviso gravado ao vivo em um ensaio. A guitarra foi esmurrada em vez de tocada da maneira tradicional. Também teria sido descartada não fosse a mixagem e a proposta pra um EP. Foi utilizada pela Herod como parte da trilha do documentário Je Me Souviens, sobre a tour da banda pelo Canadá em 2009, que chegou a executar uma versão dela ao vivo.

“Duelectrumfranklinweiseremix”
Remix para “Duelectrum” feito pelo Franklin provavelmente em 2006.

BÔNUS

“Novamente”
Composta e gravada integralmente pelo Franklin, provavelmente entre 1999 e 2000; nunca recebeu tratamento necessário para entrar em um dos quatro EPs lançados entre 2002 e 2014.

“Precious Lord”, Thomas A. Dorsey
Faixa escondida do EP Duelectr1, de 2002, lançado em CD-R com tiragem limitada de 50 cópias. A versão foi feita a partir da música gravada por Elvis Presley no disco His Hand is Mine (1960).

“Stargazing”
Versão demo de uma faixa nunca lançada, gravada pelo Franklin entre 2007 e 2008. As guitarras planejadas pra faixa nunca foram incluídas. A letra, improvisada, repete o título da música em português várias vezes.

“Baby I Love You”, The Ronettes
Versão para a coletânea Girls Groups – The Underground Versions, do The Blog That Celebrates Itself Records. Os vocais das Ronettes foram extraídos de um vídeo publicado no YouTube. Gravada no homestudio do Nathan Bomilcar, em Curitiba (PR), em 2015.

“Lazy Day”, Boo Radleys
Gravada para a coletânea We Are All Boos, do The Blog That Celebrates Itself Records, no homestudio do Nathan Bomilcar, em Curitiba (PR), em 2016.

“Chapado pra fazer pose (Jesus Saves)”
Composta em 2004, gravada apenas em 2017 para a coletânea Come on Feel the NoiZe, do The Blog That Celebrates Itself Records, no homestudio do Nathan Bomilcar, em Curitiba (PR).

Remasterizado por Nathan Bomilcar

DUELECTRUM


sinewave.com.br/artistas/duelectrum/

Franklin Weise: baixo, sintetizador
Filipe Albuquerque: guitarra, bateria, vocal

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