THIS LONELY CROWD – Bellelouder (2021)
March 8, 2021

THIS LONELY CROWD – Bellelouder (2021)

THIS LONELY CROWD

Bellelouder
Tags: Metal, post-rock, indie rock, shoegaze
sw0250 – 2021 – Sinewave

FAIXAS

01 (in)Finitude
02 Pantomima
03 What Never Was (download mp3)
04 Wolves Inside Tora (download mp3)
05 Patron Saints of Neverwhere
06 Vellichor
07 Adriana’s Thread
08 Avisrara
09 Leaves on the Story-tree

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RELEASE

Por Guilherme Guedes

Poucas bandas no cenário independente brasileiro trabalham tão bem os contrastes como o This Lonely Crowd. Ao longo da discografia do grupo, não é difícil encontrar melodias delicadas flutuando por paredes de guitarras sujas, densas, guiadas por um acompanhamento rítmico pulsante. Também são muitos os momentos introspectivos nas canções da banda, em que a paz muitas vezes é rompida por guitarras gigantes, repletas de fuzz.

Bellelouder, o sétimo álbum do This Lonely Crowd, aumenta a distância entre os extremos da música do quinteto. Em 47 minutos distribuídos por 9 faixas, a banda apresenta algumas das canções mais pesadas e angustiantes da carreira, sempre contrapostas a momentos de quietude que provam a habilidade dos curitibanos de trabalhar a dinâmica em suas composições.

Um ótimo exemplo disso são os 7 minutos e meio de “Wolves Inside Tora”, 4ª faixa de Bellelouder. A música começa furiosamente, e aumenta a intensidade com levadas frenéticas de bateria e riffs poderosos até que, pouco antes dos 3 minutos, a faixa muda completamente: um piano passa a ser o protagonista da música, e há mais espaço entre os instrumentos, que vão desaparecendo no arranjo até que uma doce linha vocal surge pela primeira vez. Antes do fim, porém, o caos volta a ganhar espaço, e ainda mais denso que antes. A bateria ressurge mais rápida e raivosa, e pequenos licks e solos de guitarra ampliam a parede de distorções que guia a música a seu fim.

Há outros momentos ambiciosos no álbum, como no pós-rock “Patron Saints of Neverwhere” ou na melancólica “Avisrara”, outro exemplo da destreza do This Lonely Crowd ao unir influências diversas da música extrema à sutileza do dreampop. Mas mesmo faixas mais curtas, como “Pantomima”, “What Never Was” ou “Adriana’s Thread” têm resultados interessantes e, mesmo sem os ares épicos das citadas anteriormente, certamente agradarão a fãs do lado mais sujo do rock alternativo dos anos 90.

Bellelouder é um aceno a tudo o que o grupo construiu até aqui, mas sem receio de olhar adiante. A banda descreve o álbum como “um disco caótico sobre compaixão e gratidão em tempos malignos”, e em tempos distópicos onde a falta de esperança reina, a única forma de perseverarmos é encontrar os raros sinais de bondade em meio ao caos e à destruição. Sigamos.